As mudanças

Toda mudança implica em perdas, porque se ganhamos aqui temos que abrir mão ali e é isso o que intimida muitas pessoas. Falando de mudanças, tive muitas em minha vida mas a que foi mais criticada foi minha mudança de emprego.

Eu tinha um emprego bem remunerado no Banespa, já trabalhava lá há 19 anos e já tinha tido diversas promoções, mas com a ameaça da venda do banco para o Santander nosso salário foi ficando achatado, fomos perdendo vantagens conquistadas ao longo dos anos e o trabalho foi aumentando.

Passei de contente a estressada e de estressada a ‘uma panela de pressão a ponto de estourar’. A pressão era mesmo enorme e eu sentia a cada dia que não conseguiria continuar nem mais um mês ali.

Faltavam anos ainda para a aposentadoria e eu estava certa de que não ia aguentar por muito tempo e se quisesse preservar nem que fosse uma pequena porção de sanidade mental teria que sair daquele emprego.

Durante os 19 anos que trabalhei no banco tive uma vida confotável e proporcionei tudo o que pude aos meus filhos, portanto quando saí eles não compreenderam a princípio que teríamos que mudar nosso padrão de vida. Como eu disse, todas as mudanças implicam em perdas.

É claro que eu abri um negócio e é mais claro e cristalino ainda que eu fali em poucos meses, perdi tudo e ainda acumulei uma montanha de dívidas. Para mudar geral o marido foi embora e fiquei com 5 filhos e desempregada. Isso aos 40 anos de idade e numa cidade com 10.000 habitantes, no interior de São Paulo.

Fui me virando como pude, os filhos começaram também a se mexer e procurar empregos e em 2 anos eu tinha pago todas as dívidas e estava com uma carreira nova em folha, na qual estou até hoje, mesmo aposentada.

Fiquei 4 meses sem emprego e logo fui chamada para dar aulas no CCAA, a princípio de espanhol e depois também de inglês. As mudanças foram tremendas e nem todas estavam no script, mas olhando para trás o resultado foi positivo.

Claro que eu sei que teria hoje uma aposentadoria infinitamente melhor, mas será que eu estaria em condições de aproveitá-la? Quais seriam os danos provocados por viver sob pressão, num emprego que eu estava detestando? E tudo isso por dinheiro?

Eu não faço tudo por dinheiro, na verdade faço muito pouca coisa por esse motivo. Se há dinheiro envolvido ele sempre fica em segundo plano. Se eu tivesse que escolher hoje um emprego novo, que me desse satisfação pessoal mas que não ganhasse muito bem, e outro onde eu ganhasse os tubos pra fazer alguma coisa chata, não teria a menor dúvida nem dor na consciência de escolher o primeiro.

As mudanças trazem vantagens e desvantagens, algumas vezes só as trocamos pelas que já tínhamos anteriormente, mas são mudanças e são bem-vindas. O que eu não compreendo são pessoas que vivem uma vida que não as satisfaz mas que se contentam apenas em reclamar e não fazem absolutamente nada para mudar, e se aparece uma oportunidade ficam paralizadas por medo de tentar.

Eu mudei e não me arrependi. E você, já teve alguma mudança radical na sua vida?

Divisor de águas

O divisor de águas é aquele momento em que você toma uma decisão que vai mudar sua vida dali pra frente, então sempre quando você falar daquilo vai definir sua vida em antes e depois. Eu não sou um bom exemplo porque minha vida está cheia de divisores de águas, eu tive vários antes e depois porque as mudanças não me intimidam, sempre que eu tenho que dar um salto, fecho os olhos e vou nessa.

Mas acontece que a maioria das pessoas tem medo do novo e prefere ficar na comodidade do que é familiar do que arriscar com a possibilidade de arrepender-se mais adiante. No quesito ‘arrependimento’ eu estou devendo ainda porque eu nunca me arrependi de nada do que fiz, se deu errado eu coloco na coluna do aprendizado e sigo adiante.

Sempre que me apareceu a oportunidade de mudar alguma coisa em minha vida para melhor, mesmo que radicalmente e implicando perdas, eu segui em frente e paguei pra ver porque meu maior medo é daquele arrependimento tardio e no mais das vezes irremediável: o arrependimento de não ter feito.

A oportunidade vai embora e aí eu poderia ficar com aquele sentimento eterno de como seria se eu tivesse feito. Fazendo eu já sei como seria e se por acaso não foi uma boa escolha eu sei que mais adiante aparecerá outra oportunidade, ou eu mesma a criarei ou inventarei. Conformada eu nunca fui nem quero ser. Que eu me arrebente nas rochas em meu voo, mas que nunca perca a coragem de alçá-lo.

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