Direitos do consumidor

O que são os direitos do consumidor? Do ponto-de-vista do consumidor, são aqueles que as empresas idôneas procuram respeitar e que as empresas nem tão idôneas fazem de tudo para burlar. A priori, o consumidor entende isso muito bem, uma empresa prestadora de serviço que simplesmente presta o serviço que foi contratada para prestar, da forma que foi combinado e sem infringir nenhuma norma que protege o direito do consumidor é uma empresa idônea.

Infelizmente as empresas 100% idôneas ou que o são sem sombra de dúvida estão a cada dia mais raras. Por mais famosa que seja uma empresa e por mais peso que tenha o nome que ela carrega e que supostamente tem a zelar, aparentemente quando se trata de puxar o peixe para a própria sardinha, mesmo que isso signifique lesar o consumidor de alguma maneira, a maioria delas não hesita, e tome multas contratuais abusivas, e tome bloqueios disfarçados de promoções, e tome conversa fiada na hora de reclamar. Tudo enrolação.

Hoje você compra um celular que teoricamente deveria já vir desbloqueado, já que é considerado abusivo tentar obrigar o consumidor a usar esta ou aquela companhia. Mas eles não vêm assim e você depende da boa vontade de sua companhia de telefonia móvel para efetuar o desbloqueio. Mas no Brasil não se pensa lá na frente. Cria-se uma lei segundo a qual toda companhia tem que desbloquear o aparelho e a companhia diz “tudo bem” mas lasca lá uma multa se você pedir o desbloqueio antes de 1 ano. Mas multa por que, hein? Porque eu quero usar o aparelho que eu comprei e paguei (então é MEU) com uma operadora que me oferece mais vantagens ou um serviço melhor que a atual?

A empresa já começa agindo de má fé, pois não seria mais lógico ela tentar oferecer um serviço melhor que a concorrente para prender seu consumidor, em vez de tentar mantê-lo amarrado a ela pela força? Tem companhia que é tão ruim que compensa pagar a tal multa (ilegal) para ver-se livre dela. Mas é mais um abuso pelo qual o consumidor tem que passar para tentar usar um direito que teoricamente é seu, pelo menos é o que está na lei.

A lei que obriga os atendentes a resolverem seu problema em poucos minutos é outra piada, mais desmoralizada que ex-sogra. Você liga e eles continuam te transferindo de um menu para outro até que uma anta atendente com voz de quem repete um texto decorado te atende com descaso. Fica evidente desde o início que ela não está ali para resolver seu problema, foi contratada para botar empecilho em tudo o que você quiser fazer. Se você está com um problema técnico na sua internet, por exemplo, ela vai tentar te convencer de que é normal a internet de 3MG que você contratou (e pela qual paga religiosamente todo mês) oscile entre 1 e 1,6MG. Aí será que a gente pode contra-atacar e dizer que será natural então que o pagamento da fatura de 200 paus que nos enviam todo mês tenha o seu pagamento oscilando entre 80 e 110 reais? Claro que a ameba atendente não vai entender isso porque está na cara que ela cabulou todas as aulas de matemática do curso primário e não sabe regra de três. O interessante é que nenhuma delas vai achar natural que sua internet de 3MG oscile entre 4 e 5,5MG, por exemplo. E você pode ter certeza de que isso nunca vai acontecer.

Além de tentar te provar por A + B que focinho de porco é tomada e que dois mais dois são cinco (ou três, no caso) a atendente ainda vai fazer de tudo para te enganar. Vai agendar testes fantasma que jamais acontecerão. No meu caso ela disse que ia fazer um teste com minha conexão e disse que estava tudo OK. “Tudo OK uma pinóia, está a mesma droga. Se está ok pra você, pra mim não está e quem está pagando sou eu.” E aí eu queria que a gentil mocinha me explicasse como é que ela poderia fazer um teste em minha conexão de lá de onde ela estava se ela não conseguiu nem localizá-la pelo número do contrato que eu passei! Será que ela pensa que eu sou tão idiota quanto ela?

Ainda por cima há uns insatisfeitos na profissão que além das safadezas da companhia nos fazem pagar também por sua incompetência, nos atendem de mal a pior, só faltam nos dizer que os estamos incomodando. ‘Desculpe aí, moça, estar incomodando no sagrado horário do seu trabalho mas é que eu não pude evitar, botaram esse número de telefone aqui na minha fatura para eu ligar se tivesse problemas com a m…. de serviço que a sua companhia (diz que) está prestando.”

Sem querer outro dia descobri um truque que dá certo, da próxima vez use se quiser e comprove. Resolvi virar o feitiço contra o feiticeiro:

– Como é seu nome? Pois é, Tereza. Estou ligando de um celular Nokia cheio de recursos e quero avisar que estou GRAVANDO A LIGAÇÃO.

Pronto. Abre-te sésamo. Como que num passe de mágica a antes displicente agora se transforma numa atendente solícita e que rapidamente me agenda a visita de um técnico. Que constata um defeito na b…. do equipamento que me forneceram e que precisa ser trocado. Felizmente, sem ônus para mim.

Segundo meu filho, a falha pode não ser da companhia, pode ser do computador. E o que é que eu tenho com isso? Não quero nem saber, não sou técnica de informática nem me exigiram conhecimento prévio ou avançado de computação para me habilitar a pagar uma fatura descaradamente salgada para a porcaria do serviço que oferecem. Então eu não quero nem saber, o técnico tem que vir à minha casa de qualquer forma. Se a falha for no MEU equipamento eu mando consertar. Mas depois vou testar de novo, se não estiver 100% eu vou ligar de novo e vou querer ressarcimento pelo que eu gastei com meu equipamento que levou injustamente a culpa pela falha no serviço deles lá.

Como consumidor seja chato, insista, questione. Quando disserem que vão fazer um teste de não-sei-o-que (quanto mais complicado o nome, maior a chance de ser um nome fictício de algo que não existe e portanto não será feito) não acredite. Exija que corrijam o problema, ameace procurar a defesa do consumidor, o fórum, a delegacia, pergunte o nome completo do atendente, diga que vai denunciá-lo por mau atendimento, faça pressão. Não deixe pra lá porque não tem tempo ou não tem saco, as empresas criam todo tipo de enrolação para que você perca a paciência e deixe-as tranquilamente enganando os trouxas (que no caso somos nós). Diga que vai à TV, que vai organizar um piquete, uma greve, sei lá. Diga que é advogado, que é juiz, que é promotor. Engane-os também.

Da próxima vez que lhe disserem que vão fazer um teste de lá mesmo, diga que vai fazer um teste de QI no atendente, ou que vai fazer um teste com o bafômetro, ou qualquer outra idiotice equivalente à que ela tenta fazer com que você engula. Exija seus direitos mesmo porque você está pagando bem caro por eles.

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